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quinta-feira, maio 26, 2005

Recomenda-se



"As pessoas admiram com prazer maior o que menos compreendem, pois a sua vaidade está nisso interessada. Assim riem, aplaudem, abanam as orelhas como burros, para mostrarem deste modo que compreenderam perfeitamente."

"Haverá pelos deuses imortais, espécie mais feliz que os homens a quem o vulgo chama loucos, parvos, imbecis, cognomes belíssimos, na minha opinião? Esta afirmação poderá a princípio parecer insensata e absurda e no entanto, nada há de mais verdadeiro. Tais homens não receiam a morte e, por Júpiter! isso já não representa pequena vantagem! A sua consciência não os incomoda. As história de fantasmas não os aterrorizam, nem os afeta o medo das aparições e espectros, nem os males que os ameaçam ou a esperança dos bens que poderão vir a receber. Nada, em resumo, os atormenta, isentos dos mil cuidados de que a vida é feita. Ignoram a vergonha, o medo, a ambição, a inveja e chegam mesmo, se são suficientemente estúpidos, a gozar o privilégio, segundo os teólogos, de não cometerem pecados."

"Como são felizes os teólogos quando exercem sua atividade e quando descrevem com minúcia o inferno, como se aí tivessem passado anos."

"Haverá algum de vós tão louco que deixe na rua o ouro e as jóias? Ninguém, decerto. Encerrá-los-eis no canto mais secreto e retirado da casa e nos cofres mais bem fechados e guardados. O lixo, porém, é deitado para a via pública. Ora, se o que se tem de mais precioso é que se esconde e o que há de mais vil se expõe à luz do dia, a Sabedoria, que não se esconde, é mais vil do que a Loucura, que nos aconselham a esconder."

Erasmo de Roterdão in Elogio da Loucura

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(enigma)